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Mostrando postagens de janeiro, 2018

Entradas e Bandeiras

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Guerreiros são pessoas Tão fortes, tão frágeis Guerreiros são meninos No fundo do peito... (Gonzaguinha) Revolve-me as válvulas cardíacas a cena. O canal lacrimal é acionado sem autorização. O guri sem camisa passa por mim na bicicleta. O canteiro de grama verde-novo. Seu bornal a tiracolo, a felicidade na garupa. Independente e confiante, ele segue em frente. A fragilidade da infância é poética. Meninos: desde sempre desbravadores.  Esquivos; caçadores de aventuras, seja em voos-solo ou na garantia da matilha.  Raro é flagrar meninas nos ermos, solitárias e seguras de si.  Cultural? Biológico? Patriarcado?  Não vem ao caso deste relato, sem pretensão de se bater por questões de gênero.  Válido apenas relembra o menino livre, solto no mundo sobre a bicicleta.  Onde será que pretendia chegar?  Acompanho com atenção esses garotos. Tenho dois. Um gosta de ir; o outro, de ficar.  O que gosta de ir também deamb

Sobre o laser e outras técnicas sadomasoquistas

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Momento check-up anual, ou melhor, bienal, pós-excessos da vida norte-americana. Nem quero abrir o resultado do hemograma completo e ter de encarar a verdade dos fatos provavelmente apavorantes sobre a glicose e o colesterol. Valei-me!  Ontem estava novamente no angiologista. No ranking das chatices médicas, o tratamento de vasos e varizes ocupa facim o segundo lugar. Perde apenas para o dentista (que enfrentarei nessa quinta-feira).  Chego esbaforida, atrasada (encontrar vaga em Brasília é, por si só, um exame de sanidade mental) e a secretária me pede para vestir um shortinho azul celeste (uma das poucas cores que só gosto no céu que lhe dá nome) estilo balonê.  - Acho que esse te serve!  Tive vontade de dar na cara da moçoila, uma vez que o tal balonê caberia até mesmo num hipopótomo fêmea.  Deitei na maca e lá vem o sádico. Dr. Damasceno com suas mãos finas, quase quebradiças e transparentes. Ele é a simpatia em pessoa e suas mãos, leves como devem

Missão: Mariposa

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Experiências equivocadas têm um quê de tragicomédia. Ainda bem, caso contrário, os índices de suicídio seriam alarmantes.  Esse lance de estar trabalhando no subsolo pela primeira vez na vida tem me mostrado um lado Pollyana que sempre rechacei. O que me fez acreditar que poderia ser uma boa ideia me enterrar no submundo do Tribunal sem ao menos receber um cachê de top model? Eis o mau de ser idealista até nas decisões mais importantes.  De qualquer forma, ser tragada para o upside down world rende metáforas e analogias instigantes, a começar pela comparação inevitável com a série Stranger Things, que considero, diante dos acontecimentos recentes, premonitória. Você também pode descobrir o seu lado piadista:  - Vou emergir para a superfície e já volto. Os coleguinhas sorriem e você se lembra que está de fato se sentindo o próprio submarino San Juan, aquele que sumiu das cartas náuticas com seus 44 tripulantes nas águas geladas do Atlântico sul. Minhas 44 personal

Intangíveis e Fundamentais

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O laço sutil e, muitas vezes, quase sobrenatural do afeto. Conexões telúricas, gosto de afirmar, sobre as coincidências de almas que, um belo dia se esbarram e se misturam numa ligação tão forte e autêntica que sentem quando uma necessita da outra. Amizade intuitiva, sexto sentido. Será mesmo que a gente pressente os anseios de quem carregamos no coração?  Estava no submundo, porão, enterrada por toneladas de concreto que praticamente impossibilitam o acesso às redes sociais; dificultam a interação humana atrás de portas fechadas e corredores extensos e frios e, pior, bloqueiam os raios salutares do Sol. Num ambiente adverso assim é fácil se sentir, literal e metaforicamente, uma topeira. Subsolos de Niemeyer que, lógico, deveria ter uma linda sala com vista panorâmica da marina de Botafogo com o Pão de Açúcar ali atrás.  A falta de luz natural cabe aos animais que não precisam da visão para se alimentar da beleza do mundo. Não é o caso dos humanos, exceto dos cegos