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Mostrando postagens de outubro, 2017

Goodbye, good Education!

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Open School... Engraçado o ano letivo começar de ponta à cabeça para nós, nativos do hemisfério sul. A qualidade da escola, do staff e, principalmente, dos professores das escolas públicas de NY sempre me deixam boquiaberta. E agora com uma dor no peito. Romulito vai perder tantas coisas bacanas que serão feitas ao longo do quinto ano.  São passeios, atividades extras como aula de música, aula de instrumento (a professora nos disse que ele está muito bem no clarinete, vamos manter as aulas no Brasil), coral, laboratório, mad science, biblioteca interativa linda, onde aprendem a pesquisar em livros, online além de serem apresentados à grande literatura.  Falando nisso, Tomás tem aulas sobre Shakespeare e outro dia estava lendo um conto de Tchekov. No Brasil, nos limitamos a ler literatura brasileira e portuguesa. É provinciano.  Nas classes de Arte, o professor vai trabalhar Picasso e George O’Kiefe! Quase ri, pensando que só conheci a artista já adulta e velha! Kk

My dear raven

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Sou admiradora do escritor Edgar Allan Poe. Lembro da alegria de ganhar da mamãe uma adaptação infanto-juvenil chamada “O Gato Preto e outras Histórias”. Foi o primeiro livro sobrenatural e de mistério que li na vida. Me apaixonei pelo tema. E também pela escrita dele. Poe foi o primeiro autor da Literatura a escrever uma história de detetive: “Os crimes da Rua Morgue”, conto que inspirou Conan Doyle a criar Sherlock Homes. Pois esse genial escritor morou os últimos três anos de sua vida numa humilde casa na região rural do The Bronx do idos 1800 e poucos. Era bem pobre, apesar de “O Corvo” ter feito relativo sucesso.  A mulher dele, Virgínia, que era sua prima em primeiro grau, morreu de tuberculose na cama que ainda está lá. Na minúscula sala de estar, Poe escreveu “O Barril do Amontilado” e outros textos importantes.  Devastado pela morte da companheira de 20 anos, ele sucumbiu em circunstâncias misteriosas (envenenamento, raiva canina, cirrose avançada?) trê

Painted Post

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Hoje, no pocket show de jazz, relembrei do nome dessa cidadezinha que, infelizmente, não visitamos em nossa road trip até o Canadá. Parece que jazz é bom tanto para dar sono quanto para emergir ideias viajantes:  Ela chegou a Painted Post numa manhã de verão. Encontrou pessoas esmaecidas nas praças, estátuas de si mesmas em atitudes cotidianas. No canto esquerdo da cidade, uma mancha de café tomava boa parte da rua principal. O céu, antes cobalto, o tempo levou. Entretanto, as flores do canteiro primaveril, defronte à escola elementar, resistiram em tons vermelhos e alaranjados. Painted Post permanceu alijada de sua própria densidade. Cristalizou-se na parede pintada como musa do artista. E, assim como anunciou-se intrigante na sinalização da rodovia, retornou à querida inércia das memórias de viagem não feitas.

Alzheimer intelectual

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Andrea Mantegna, The Lamentation over the Dead Christ A elasticidade da mente humana é deslumbrante na mesma proporção em que a sua limitação é tenebrosa.  Segunda aula de "As grandes obras da História da Arte". A tensão se instala antes da classe começar, do lado de fora. Professor e uma das alunas batem boca. Será que estou fadada a ver gente criando cabelo em ovo nos EUA e no Brasil? O Alzheimer intelectual está se espalhando mais do que a peste bubônica na Idade Média. Helllp!!! A questão é que o professor, muito bom por sinal, está, desde a primeira aula, tentando fazer uma linha do tempo artístico, englobando os primórdios, como as pinturas rupestres encontradas na caverna de Chauvet (França). Entretanto, uma parte considerável da turma não vê como "grande" esse tipo de representação artística e outras mais que ele segue debatendo na sala de aula. A discussão volta a ficar feia quando John Coppola exibe umas iluminuras maravilhosas d

Numerologia

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Nova Iorque e seus encontros improváveis, a babel de culturas e línguas... Quando iria imaginar fazer parte de um quinteto croata, alemão, chinês e japonês. Agora desfalcado, pois Akiko, a japonesa, voltou para Tóquio e Marija, a croata, também retornou ao país dela. Nova Iorque é assim: o eterno chegar e partir... As pessoas se cruzam, se gostam e torcem para um dia, quem sabe, se esbarrarem novamente em alguma esquina do mundo. Mas ontem almoçamos Peggy, a alemã - nascida na parte oriental comunista - e Sophia, a chinesa, que na verdade se chama Ying, e yo. Nos reencontramos no Westchester Community College, onde nos conhecemos e passamos mais de três horas almoçando e conversando num inglês de sotaques diversos. Os papos foram da política na Alemanha e Brasil às superstições dos chineses acerca dos números. Os chineses não gostam do número quatro, pois o caractere (grafia/símbolo) do quatro é igual ao símbolo da morte. Ying nos contou que quando viu o código te

Amigo Imaginário

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"He walked toward the corner, thinking little at all about nothing in particular."  (Ray Bradbury in Fahrenheit 451) Na juventude, ao contrário da maioria dos jovens, eu ia para cama cedo. Às dez da noite já estava lendo o meu livro de cabeceira. Veio a maturidade e os filhos com toda a fuzarca de atenção, barulho, ordens, brincadeiras, sermões e demandas emocionais e físicas que a vida familiar impõe. Fui me tornando mais noturna, apesar de ainda ser uma pessoa de relógio biológico matutino. Minha energia criadora geralmente acontece pela manhã, mesmo que conviva com a marvada insônia há tempos. Entretanto, não pensem que aprovo o horário de verão. Ele penaliza os mais pobres, obrigados a acordar no breu da noite alta a fim de enfrentar frio e medo rumo às paradas de ônibus, trens e metrôs. Sinto que é um fardo a mais para boa parte da população, agravando a lista de nossas injustiças sociais absurdas. Mas, voltando ao ponto inicial dessa