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Mostrando postagens de 2014

Um viva para a extinção dos anos!

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"Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho."  (Êxodo 23,20) “Ai, Jesus, que esse ano não acaba...” diz a senhora ali do lado. Mas pra quê que a gente quer que acabe mesmo? Porque história boa é a que tem começo, meio e fim. É aquela na qual a gente compreende a moral e não fica com cara de pastel. Por isso filme francês às vezes é tão chato. E Ingmar Bergman, bem, melhor deixar pra lá.  Ninguém quer ano tipo Luis Buñuel, a vida presa num espaço-tempo por obra de um anjo exterminador que não permite que se saia da festa de gala na mansão. Já imaginou não conseguir findar um ano e recomeçar outro? A sociedade global, já tão truculenta, se tornaria completamente incivilizada, insuportável. Nossas máscaras pessoais desabariam ao passar das horas infinitas de um ano eterno. Seria o fim da raça humana! Algumas outras raças soltariam fogos de artifício para comemorar a extinção da nossa espécie, mas somos animais egocêntricos e queremos a

O canal do Panamá

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Que primeiro sutiã que nada. O que a gente nunca esquece de verdade é o primeiro tratamento de canal. Vá por mim! Aliás, você já deve ter ido. Pouca gente chega aos 43 anos virgem dessa experiência, não é verdade?  Mas lá está euzinha ontem com uma imensurável dor de dente. Foi a minha estreia. No dia anterior o dentista, já havia feito misérias no meu molar inferior esquerdo, o de número 36, tentando salvar a vida daquele pequeno ser branco, do devastador ataque de uma cárie insidiosa e sub-reptícia.  Sai do consultório torta de anestesia e com uma dor que só triplicou de intensidade ao longo das 12 horas seguintes. Em profunda agonia, liguei para o meu primeiro algoz que vaticinou: “Então é canal!”. E lá fui eu, de emergência, parar nas mãos de outro torturador lacônico.  Vocês já repararam que esses homens de branco sentados ao nosso lado parecem psicanalistas? Ficam ali só a nos ver sofrer sem emitir palavra. Em compensação, as mãos estão sempre frenéticas a

O telefone sem fio

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A vida é mais sincera e crua que qualquer ficção. Demorei muito para ver o aclamado filme “A Caça”. Atualmente não tenho mais estômago para filmes de sofrimentos densos. Sabia que o argumento do filme envolvia injustiça. E injustiça é algo que me dá nos nervos, me incomoda ao ponto do insuportável.  Não faz nem duas semanas que, enfim, conferi a película. E ontem, porque a vida é mais sincera e crua que qualquer ficção, meu caçula viveu dilemas muito similares aos expostos no filme, porém sem a conotação sexual, ainda bem. Rômulo levou um tombo no colégio e quase perde um pedaço da língua. Digamos que tirou um pequeno filé. Ficou feio. Penso na dor inenarrável que sentiu, no jorro de sangue que tomou sua boca...  A comoção na escola foi imediata. “Ele foi derrubado pelo Felipe Góis, ele foi empurrado pelo Felipe Góis”. As crianças iniciaram o leviano processo de pré-julgamento baseado em indícios tênues: Felipe Góis, o coleguinha da outra sala de segundo ano, esta

Peixe-Sapiens II

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Paras as Clarices Lispector e Veras,  que sabem: bichos bobos não são idiotas Meu nome é Chico. Eu sou um peixe. Moro num tanque. Tá, vá lá, num laguinho quitinete. Um conjugado na frente de um viveiro de plantas. Dizem que sou uma carpa, o tipo de peixe que os japoneses reverenciam por representar a prosperidade e a alegria. Não entendo nada disso. Se eu fosse próspero, viveria no oceano Atlântico, nos fiordes gelados da Noruega ou no Rio Amazonas. Não nesse aquário, dividindo quarto e sala com tantos outros peixes, não acha?  Ao contrário do que todos pensam, alguns peixes pensam. Espantado? Não sei se é o caso dos meus vizinhos que não param de passar para lá e para cá enquanto eu converso com você, esses mal-educados, mas eu afirmo que penso, logo existo.  Demorou um bocado para as pessoas que vêm e vão daqui todos os dias (parecem meus vizinhos) perceberem que eu tinha consciência. Que era um ser vivo dotado de faculdades mentais diversas das plantas e d

Xô, neura!

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Quem é mãe que já não acordou no meio da madrugada para dar um beijo no filho? A exata mãe que carrega a culpa pela incompreensão, pela impaciência. As mães e o poço sem fundo das angústias de se crer infalíveis. Sabendo ser impossível ela foi lá e fez. Que frase de tamanha crueldade, oras!  A mãe não pode fazer nada além do que já faz: parir, nutrir, amar, pentear os cabelos, escovar os dentes, dizer que ama, dar beijo, dar colo, dar bronca. O impossível é pra quem vive de filosofia. E filosofia não cria filhos.  Quando confirmo o brilho nos olhos dos meus filhos, acredito que eles estão tranquilos e seguirão bem resolvidos pela vida. É dilacerante reconhecer numa criança a esperança destruída. Já detectei em muitas. Infelizmente, não apenas nas obviamente maltratadas pelas vilezas de uma existência miserável.  Mas pinta a insegurança de que é imperativo fazer ainda mais e melhor. É uma pressão às vezes desumana. Parece que o comportamento da mãe ao lado é sem

Portas Abertas

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Seção de Expedição dá exemplo de engajamento social e recebe reconhecimento da Vara da Infância e Juventude  Ele é gente que faz... A diferença! Seu nome é Sérgio Murilo e ele chefia a Seção de Expedição da Coordenadoria de Recebimento e Virtualização de Processos Recursais (CVIR). Há 11 anos no STJ, esse contador com pós em gestão empresarial já foi empreendedor, dono do próprio negócio até decidir fazer vários concursos e se tornar servidor do Tribunal da Cidadania.  Entretanto, o espírito indômito parece não ter abandonado a vida de Sérgio, que desde que ingressou no STJ trabalha na Judiciária. Em 2007, foi chamado a assumir um posto na Expedição. Assumiu também um compromisso: acolher servidores assistidos pela Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP). “Estabelecemos essa parceria para receber colegas dependentes químicos, profissionais viciados em álcool ou drogas”, conta.  Exatamente porque já ostentavam um histórico de unidade-solidária, a SGP propôs a Ser

Quem conta um conto aumenta um ponto...

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Meu filho mais velho vai representar o astrônomo do livro O Pequeno Príncipe daqui a pouco na escola e eu não fui convidada. Nesse mundo de flashes, instagram e selfies, fiquei surpresa pela opção discreta do colégio. Mas que deu uma dózinha de não vê-lo em ação, deu. Ainda mais porque O Pequeno Príncipe é um dos meus livros de alma.  Também não deixa de ser uma lição de desapego. Para que registrar tudo, participar de tudo? Os pais de hoje são tão onipresentes, não? Na verdade, as escolas incentivam essa presença full time de mamães e papais, coisa que soa incoerente quando, na teoria, a autonomia das crianças é estimulada.  Já viram o tanto de dever de casa que exige a participação do responsável? Francamente, um saco. Aliás, já viram o tanto de atividades extraclasse que as escolas enviam/promovem ultimamente? Ainda bem que eu cresci numa época em que criança era menos importante, ufa! Ser o centro do universo deve ser muito opressor. Bom de fato é ser moleque de pé

A arte de colecionar o que não está à venda

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“O que a gente não lembra não existe.” (Tomás quase de Aquino) O que você guardaria na caixinha de estimação que fica na mesinha de cabeceira? Primeiro, é preciso ter caixinha de estimação, certo? E se você não tem, não passa no teste básico de felicidade. Porque toda criança interior precisa de cacarecos colecionados para viver.  Acompanho a sanha coletora dos meus filhos: pedrinhas diferentes, gravetos, cacos de vidro, bolinhas coloridas dessas máquinas de padaria... Coisa de gente miúda essa vontade de reter o belo, o intrigante, o precioso.  Aí a gente cresce e faz um limpa na casa e deixa tudo minimalista. Ou mais grave: vira acumulador de roupas, sapatos, vinhos... Objetos de valor por sua grife, essência do vazio. Boçalidades da moda ou outro fetiche qualquer.  Por isso é fundamental voltar para as tralhas infantis, entende? Você precisa ter uma caixinha de miudezas sentimentais belas, intrigantes e preciosas. Escolha uma caixa, pode ser imagin

Fascinação

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“Eu queria morrer sendo eu...” (Elis Regina) Conheci Elis Regina aos nove, dez anos. Foi um encontro casual, porém fulminante. Minha irmã mais velha acabara de entrar no mercado de trabalho e adquirira um aparelho de som desses que hoje são peça de museu. O troço era um troço! Muitos botõezinhos, todo preto e dois gravadores de fita-cassete. Ficava guardado a sete chaves dentro do quarto dela. Eu era proibida de chegar perto daquela maravilha, obviamente.  Mas eu chegava, obviamente. Escondia-me embaixo da cama da minha irmã ciumenta e complicada quando ela saía para trabalhar e ficava presa dentro daquele quarto-santuário só para poder ouvir música. Minha irmã e eu tínhamos um péssimo relacionamento. Vanja nunca se conformou em perder o posto de caçula para uma fedelha tão mais nova do que ela e fazia de tudo para me atazanar, esquecendo-se de que ela tinha 18,19 anos e não três.  E eu, moleca que só, tentava sobreviver ao bullying ignorando qualquer t

Que graça!

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Ela vem, ela passa com seu vestido florido, que graça! Barroca, se expõe ao sol concreto de Niemeyer. Uma longa vastidão de brancos e cinzas marcada por um pontinho azul e vermelho que se move.  Ela vem, ela passa pensando na vida e no torcicolo que se anuncia, que graça! O dia brilha implacável e diante de tamanha insolência, as janelas e portas ao redor lhe fecham a cara. Ao contrário dela que vem e que passa a caminho do mar imaginário e abraça a inclemência solar com volúpia, ar-condicionando seus passos  com suspiros...  Ela vem, ela passa segurando a barra, as ondas e as marolas que lhe arrebentam nos ombros, na face, nos joelhos, que graça! Olha para cima e vê a sinuosa geometria do cosmo. Olha para o lado, mas o torcicolo não deixa. Olha para frente e divisa duas mulheres em conversa animada.  Ela vem, ela passa e de repente a mulher do bate-papo lhe dirige a palavra:  - Sabia que você é muito bonita?!  O pensar incessante cessa com os passos:

Mimeógrafos

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“Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite. E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.” (Carlos Drummond de Andrade) Quando chego ao trabalho ela já está lá. Trocamos o automático bom-dia diariamente. Ela está sempre de cabelo preso, severo rabo de cavalo. Quase uma Marina Silva: entre a humildade e a altivez. Magra também é. Agora me ocorre que as existências exíguas demandam um corpo frágil. É mais difícil ser invisível aos gordos.  Queria entender dessas sombras. O que se passa na cabeça de quem faz todo dia tudo sempre igual. Como é que é permanecer horas em silêncio todas as manhãs, cumprindo a cota individual de fardo e obrigações em total anonimato. A impressão é que ela nem respira: vivência em suspenso ou em suspense.  Essas personagens de “O Turista Acidental” são fascinantes para mim. Atração mórbida pela dissolução, giz que se apaga,

Next Stop

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O alarme do carro no estacionamento dispara uma, duas ou três vezes. Seria um ótimo despertador se o relógio não marcasse 4h30 da madrugada. Quando não é o cérebro dela que cisma em sair do sono REM por livre e espontânea vontade no meio da noite, é a cidade quem decide acordá-la. Conspiração cósmica infernal.  Senta-se na cama com pena de si mesma. Fazia tempo que não incorporava o papel de vítima. Chora. Pensa que faz tempo que não chora. Os olhos sonolentos agora ardem e se envermelham. Está escuro lá fora e o calor já se anuncia.  Vê um pedaço de um filme. Assistir a trecho de histórias é uma obsessão.  E se... Confere. A narrativa reúne todos os freaks do planeta e sente que deveria estar no meio deles: os inadequados, os inadaptados, os marginalizados, outsiders, monstros. Continua representando o papel dramático egoico como há muito não encarnava. Copo meio vazio, sacas?  A Nicole Kidman é tão linda... Mas não queria estar na pele dela não. Apenas carreg

Meus sentimentos

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Defuntou. Bateu as botas. Foi para o céu (ou quiçá pro inferno). Está nas graças de Deus. Melhor do que a gente penando nesse calorão. Descansou. Entregou a alma. Abotoou o paletó. #Partiu!! Desde quando partir ganhou ares de coisa divertida? Mundo bizarro esse que o ir é mais legal do quer o ficar...  E nos cemitérios vemos de tudo. Ninguém mais faz cerimônia ou guarda formalidade perante o morto. De certa forma, é interessante a tendência contemporânea de dessacralizar a morte. Mas tirar foto de limousine fúnebre para postar no Instagran ou FB, ainda não tinha testemunhado não. O ato de compartilhar momentos virou prisão.  Faz tempo que me sinto íntima de velórios. Não, não... Recuso-me a ser confundida com uma carpideira. Tem gente que vê muita gente morta e não tem sexto sentido: essa sou eu. Desde pequena. De qualquer modo, poucas situações de vida são tão constrangedoras como ficar confinado neste espaço de dor, flores fedidas e pessoas desconhecidas que só se e

Quisera

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O carro para e a menina negra de uniforme atravessa a faixa. Traz na cabeça uma penca de trancinhas bem feitas presas em rabo de cavalo. A escola é pública, mas seus sonhos se escondem naqueles passos firmes, no olhar encarando o outro lado: o futuro.  A motorista do carro fica orgulhosa de si mesma, de um país fictício no qual as pessoas param na faixa para os pedestres passarem. Um país onde aquela menina negra seria igual à menina branca e mais além: numa nação na qual ela estaria segura para ir a pé para a escola, que é pública e boa; pública e digna.  Nos segundos que atravessam a mente da motorista e os pés da estudante, uma vontade de acreditar que o Brasil é de fato especial, ainda que compartilhe dos sentimentos da escritora Martha Medeiros em entrevista assistida um pouco antes de pegar no volante: “Especial, por quê? Eu quero é viver em um lugar no qual não precise colocar grade na frente do prédio; que eu possa passear sozinha às nove da noite pelas ruas

Inexorável

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O tempo singra e sangra perene, implacável. Torniquetes lhe fazem cócegas. Injeções de botox lhe paralisam em pequenas doses, mas as rachaduras do rosto e da alma seguem o caminho inexorável de suas próprias trajetórias. Caramba, quanta profundidade só porque o caçula perdeu seu primeiro dente de leite. Na marra, como se ele – o dente - também pretendesse frear o rumo dos acontecimentos que aí estão à nossa revelia.  Com bravura, suportou a imensa agulha da anestesia e a chateação da insensibilidade do lábio inferior. E lá estava o dentinho pequeno e alvo nas mãos dele e depois debaixo do travesseiro à espera da fada dos dentes importada e pouco crível. Resultado: os pais se esqueceram de deixar a moeda e o filho cobrou na manhã seguinte: “pode me dar agora, porque eu sei que vocês é que são a fada dos dentes”.  É tristinho quando eles vão perdendo a inocência diante dos nossos olhos... Quando a gente é criança nem repara quando deixar de ser. Mas se temos filhos,

Encruzilhada

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“A insatisfação é a principal motivadora do progresso.”  Thomas Edison Tomei conhecimento de que o processo de criação de uma jovem artista envolve pisar em suas telas quando elas se tornam opressivas demais: “saiba que sou eu quem decido aqui” é a mensagem para o intimidador espaço em branco.  Criar pode ser de fato esmagador e tem conexão estreita com o sofrimento. Momentos felizes são dias de sol, nos levam para o exterior de nós mesmos, à procura da confraternização. A insatisfação, a angústia e as ruminações seguem o caminho oposto: põem a gente em contato com nossos dragões e desse embate nasce a flor de lótus (a Arte), aquela que floresce da lama.  Faz tempo que não luto com meus bichos internos. Foram meses de alegrias e horizonte azul que me afastaram do dolorido, porém querido ofício de escrever. Recolhi o fio da meada, a verve. Serei uma dessas pessoas que extraem criatividade da adversidade? Então não é lenda, cu doce, beicinho, onda o lance do

Pensamentos tortos...

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O avião sobrevoa os totens da metrópole. Reverencia, com comedida aproximação, o magnetismo emanado das estruturas que espetam as nuvens com olhos ávidos. Eu não vou votar na Dilma novamente. Votei na Marina Silva no primeiro turno das últimas eleições e na nossa atual presidente no segundo turno. O governo da Dilma foi uma decepção sob todos os pontos de vista, pois não deixou nenhuma marca razoável de gestão em prol da Educação, a nossa única saída. Também não sou fã da Marina, só estou buscando alguma luz no fim desse túnel de 500 anos de extensão. Entretanto, se o PT fosse o único responsável pela nossa falta de cidadania crônica tava fácil. Não adianta adotar "o inferno são os outros" quando somos nós, povo que não é povo, que vivemos essa morte e vida Severina há cinco séculos! Não venha falar de PT se você vai votar no Arruda, no Garotinho, no Serra, Alckmin ou em qualquer velhaco da política nacional. É abjeto pensar que os mesmos que protes

Om mani padme hum*

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Já não sei mais quando ou como me tornei amiga da Lara. Aos 43 a gente começa a esquecer detalhes precisos de fatos importantes. Mas foi por volta dos seis anos, na primeira série do colégio Notre Dame.  Também não me lembro como e por que a nossa amizade foi se fortificando. Ao dar por mim, já pertencia à casa dela, de onde entrava e saía sem a menor cerimônia, pois éramos vizinhas de quadra e, desse modo, tudo ficava mais fácil. Sem contar que naqueles idílicos anos setenta, os pais eram mais relaxados e as crianças mais soltas nas ruas...  Estava ao lado da Lara na traumática separação de seus pais. Acontecimento tão corriqueiro hoje, mas quase inédito então. Talvez tenha sido a partir desse ponto que tenhamos nos tornado melhores-amigas-de-infância. E assim fui vivendo a minha vida junto com a dela. Invejando as aulas de piano que ela tinha em casa com piano de verdade e eu não. Colocando aparelho nos dentes na mesma época, repartindo com ela aventuras rurais na

Balançando...

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Jornalistas gostam de escrever balanços. Eu gosto é de balançar... Deve ter sido por isso que primeiro fiz Publicidade, era mais lúdico. De qualquer modo, vamos lá soltar o meu verbo. Sim, meu. Teve gente aqui no FB que disse que eu não estava no meu “normal” quando critiquei veementemente os que iriam torcer para a Argentina na final. Quando tive vergonha dessa seleção brasileira pífia, a pior que já tivemos em todos os tempos.  Sim, era o meu normal. Eu sou passional, visceral e na lata. E não gosto de futebol de quatro em quatro anos. Eu gosto de futebol desde que me entendo por gente. Frequento estádios há anos e já tive, inclusive, a prazerosa chance de ver a seleção brasileira disputando uma vaga nas eliminatórias contra o Equador num Morumbi lotado (80 mil pagantes)! O esporte é parte da minha vida e quase me formei em Educação Física de tanto que sou apaixonada por quase todos eles. Todavia, futebol e dança são Arte! Recebem maior carinho do meu coração... 

Rescaldos da Copa

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Sabia que iria começar a ler os velhos discursos brasileiros de sempre: "nós somos mais do que futebol!" "Isso foi só um jogo!" O mais do mesmo papinho abjeto da superação...  Claro que isso é só um jogo. Mas ele diz muito sobre nossa incompetência de séculos. Ele diz muito sobre nossa falta de compromisso com a nação. Ele diz muito sobre nossa falta de responsabilidade de achar que o mundo é ainda amador quando todos já entenderam que precisam ser profissionais.  Ninguém aqui estava achando que o Brasil era melhor do que a Alemanha. Mas o que aconteceu foi totalmente inadmissível. Esses jogadores, incluindo o técnico, ganham muito bem. São profissionais, entretanto agiram como moleques. Não tiveram a menor preocupação em honrar a camisa verde-amarela e agora seremos, para sempre, motivo de chacota no futebol. Não é nada, não é nada, mas era um orgulho nacional. E agora eles vão chorar e a população vai ficar com pena? Oras, assim caminha o Brasil,