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Mostrando postagens de setembro, 2008

Berlin - Alexanderplatz

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Há quase um mês não escrevo um texto. Assim começava a minha coluna para este blog, varando a madrugada no quarto do hotel Ibis-Mitch em Berlim. A crise de abstinência me assolou no meio das férias e, viciadamente, derramei palavras num verso do papel da reserva que estava dando sopa por ali, resgatando o sadio e obsoleto hábito de escrever à mão. Postdamer Platz Entretanto, o original se perdeu no meio da bagagem, dos mapas e papeizinhos diversos que acumulamos ao bater perna pelas cidades européias. Provavelmente meu caro esposo tenha jogado meus escritos fora junto com outros lixos sem se dar conta (assim creio para não colocar em crise o casamento). E agora estou lutando para recuperar um pouco da vivacidade do que tinha captado da capital alemã no calor da hora, ou melhor, no frio daquelas horas. Pois é, estou de volta ao hemisfério sul após 18 dias passeando pela Alemanha e adjacências. Aviso aos navegantes: um domingo só não bastará. Vem aí uma pequena série d

Ampelmann verde, ampelmann vermelho, ampelmann verde, ampelmann vermelho... (*)

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Ampelman Uma das marcas registradas da Alemanha é o respeito dos cidadãos às regras de trânsito. Pelo menos foi o que nos pareceu em Munique, Hamburgo e Berlim. Todos com quem atravessamos centenas de ruas – eu disse todos – esperam o sinal ficar verde para seguir caminho. Freqüentemente acontecia de o asfalto ficar deserto e, ainda assim, ninguém atravessava. Eu repito: ninguém. Às vezes, essa retidão exemplar nos dava a agonia típica de um povo que não está acostumado a respeitar nenhuma lei. A gente zombava um pouco da caretice dos alemães: tão quadrados, coitados. Sem jogo-de-cintura... “Autômatos inexpressivos”, como costumava reclamar Albert Einstein, ele próprio um alemão que não combinava com o gosto germânico pelas guerras e idéias de supremacia. Mas será que é idiotice fazer o que é certo, mesmo quando ninguém está olhando, vigiando, punindo? Oktoberfest Os ciclistas também paravam e esperavam o sinal específico para bicicletas abrir. Na Alemanha, existem muitas cic

Com Kafka, mas sem baratas

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Deixamos a elegante e estranha Berlim para trás e pegamos um trem rumo à Praga, a capital da República Tcheca. Os que têm mais de 30, vez ou outra chamam o país de Tchecoslováquia. Confessem, vocês também cometem este ato falho, certo? E lá fomos nós, margeados por uma paisagem de babar, seguindo as montanhas, os vales, o rio e as cidades que mais parecem burgos totalmente preservados da Idade Média. Uma delícia viajar de trem. Por que o Brasil abandonou suas ferrovias para transporte de passageiros? É um meio mais seguro, mais confortável e menos poluente do que ônibus. E como eu não gosto de viajar de avião, também é mais legal. Da janela lateral, apreciávamos a vista, esticávamos bem as pernas, andávamos nos corredores e curtíamos os sons das palavras em tcheco e alemão que ouvíamos ali e acolá. Havia um grupo de adolescentes numa cabine perto da nossa que estava no maior alvoroço, uma viagem entre amigos, tocando violão e trocando risadas divertidas. Ô tempo gostoso da leveza

Não, não é o do armário

Qual Mário já não foi vítima dessa brincadeira infame? Eu mesma conheço um Mário muito amigo meu que provavelmente deve ter sido vítima do Mário, que Mário? Aquele que...atrás do armário?É, a vida às vezes é infame e o que nos resta é falar do Mário. Não o do armário, mas do Quintana. Este Mário que nasceu no dia 30 de julho de 1906, na cidadezinha de Alegrete/RS, e se transformou num dos meus poetas prediletos. Quando soube que meu segundo filho nasceria no final de julho, torci intimamente para que ele nascesse no dia 30, o dia do meu amigo de cabeceira, do velhinho ranzinza que me dava vontade de apertar as bochechas. Rômulo nasceu no dia 27, que é o dia do motociclista, e acabo de descobrir que 31 de julho é o dia mundial do orgasmo, mas voltemos para o dia do Mário. Quem me dera lhe tirar do armário do desconhecimento que as pessoas têm da obra dele... Mário Quintana, recebeste minha cartinha de tiete antes de virar anjo Malaquias? E vocês que zombam do nome Mário já pararam